Programação é para meninas?

18/08/2021

Programadores da Atari

Antes dos jogos de celular, antes da internet, antes mesmo das pessoas terem computadores pessoais, haviam videogames.

Os gráficos eram simples, quase não existia história, mas a complexidade para criá-los era algo difícil de imaginar hoje em dia.

Você não utilizava bibliotecas, ambientes de desenvolvimento, softwares de edição de imagens. Eles não eram programados em Python, Java, C#. Nem mesmo em C.

Um jogo ocupava 2 ou 4 kbytes. Era tão pouco espaço que eram todos programados diretamente em assembler, e o programador precisava se preocupar com o tempo que demorava cada comando para ter certeza que ia sobrar tempo para redesenhar a tela e as imagens não piscarem. No extremo, usavam parte dos códigos como dados também, para poupar espaço.

"Sabe esta parte de código aqui? Se eu só jogar na tela vai dar uma imagem legal. Taí um bom fundo pro meu jogo".

Mas os jogos eram principalmente o que era então considerado "para meninos". Um explorador procurando tesouros na selva? Pitfal. Um tanque de guerra? Robot Tank. Um avião destruindo inimigos e explodindo pontes? River Raid.

Talvez por isso, e pensando em expandir o mercado, Ray Kassar, presidente da Atari, ficou tão feliz quando viu que haviam contratado uma desenvolvedora de jogos.

"Finalmente uma programadora mulher. Ela pode criar jogos de decoração e maquilagem".

Para mim é fácil imaginar a cara que Carol Shaw deve ter feito. É só lembrar da minha filha mais velha quando diziam para ela brincar de boneca.

Mas, o fato é que por muito tempo a área da programação foi dominada pelos homens (exceto em sua origem mas esta é uma história para outro dia), e Carol Shaw, criadora do River Raid, um dos jogos de tiro de mais sucesso de todos os tempos, foi uma exceção.

Quando apresentei mês passado o primeiro relatório de um projeto de capacitação que realizamos para mais de mil alunos, uma estatística surprendeu as empresas patrocinadoras.

Um terço dos mais de mil alunos que se inscreveram e fizeram os cursos eram mulheres.

Ficaram surpresos.

E ficaram felizes.

É bom ver esta área da programação cada dia mais diversificada e inclusiva.

Merece um espaço na minha live de amanhã.

Live Quinta 16h

Para os interessados: Entrevista com Carol Shaw em 2011

Um abraço
Rodrigo Losina

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